A crise financeira no deserto. Um Oasis econômico

 
Antes de começar a falar nesse artigo sobre a crise financeira instaurada em Dubai, prefiro situar o leitor sobre a cidade, trabalhando com comparações temporais entre o referido emirado de ontem e a pujança de hoje, uma referência no que se pode chamar de neo-modernismo urbano.
O que se costuma chamar de Dubai, nada mais é do que uma das sete cidades dos Emirados Árabes Unidos, sendo a mais populosa, com quase dois milhões e meio de habitantes. Dubai, assim como, outros emirados, cresceram e se desenvolveram economicamente por conta do dinheiro fácil advindo das gigantescas reservas de petróleo da região. No ano de 1979, criou-se os Emirados Árabes Unidos (EAU), como forma de aumentar o controle político e econômico da região.

A partir da década de 80 e 90, os dirigentes políticos de Dubai, investiram fortemente em turismo e infraestrutura no país. Em pouco tempo, a paisagem do lugar foi se modificando rapidamente. A idéia era dotar o pequeno país de condições que diminuíssem a dependência com relação ao petróleo. O que de fato aconteceu. Hoje a economia de Dubai está ligada ao petróleo apenas 6%.
Com os investimentos maciços em infraestrutura, englobando: sistema viário, rede hoteleira, grandes bancos, um forte setor terciário, o emirado árabe tornou-se em uma década referência na engenharia humana. O homem avançou sobre o deserto, dotando o lugar de equipamentos até então impensáveis e atípicos para as adversidades naturais da região. A idéia (o que foi conseguido com êxito) foi tornar Dubai, uma referência mundial.
A pujança econômica e os grandiosos feitos urbanos escamoteavam a forma de como eram conseguidos esses recursos, de onde vinham e como eram captados. O mundo se curvava as grandiosas obras, sem atentar como eram financiadas.
Com já dito anteriormente, a economia de Dubai ficou cada vez menos dependente do petróleo, pois se criou um amplo e forte setor terciário no país, em especial na área da construção civil. Por mais de uma década, o emirado, tornou-se um canteiro de obras.  Movimentando-se a economia fortemente. Tornou-se um dos maiores redutos de investimentos por conta de obras faraônicas e ousadia de seus projetos. Por sua localização estratégica, Dubai, tornou-se uma ponte entre os mercados do ocidente e oriente, um ponto de passagem obrigatória entre os volumes de investimentos.
A questão da crise de Dubai, recorrer também e de forma parecida com a que ocorreu no mercado imobiliário americano, ou seja, uma bolha especulativa, por conta da falta de controle e regulamentação dos mercados de crédito nesses países.
Diferentemente do que possa parecer, a crise em Dubai já estava em curso desde o ano passado, como produto da crise nos Estados Unidos. O mercado imobiliário no emirado está em franco processo de decadência, com obras paradas e uma ociosidade além do normal.
Os contratos que eram fechados para captar recursos, sustentados no petróleo e nos imóveis, com a crise, tiveram seus preços reajustados para baixo, tornando inviável a manutenção de pagamento desses contratos.
Dubai que já foi o Oasis do sistema capitalista representa hoje, a falência de um modelo de desenvolvimento, pautado em especulação e em papeis que pouco influenciam na vida real das pessoas. O Oasis de riqueza, luxo, glamour, de obras sintuosas, desmorona como um castelo de areia, que não tem seus alicerces pautados em terra-firme, mas em fantasias e irrealidades.

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