Rumo ao desastre mundial


A COP-15 (Conferência da ONU para o clima), realizada na cidade de Copenhague, a capital dinamarquesa, onde o mundo se encontrou para produzir ações reais para amenizar os impactos sobre o meio ambiente no planeta, acabou por se tornar mais um evento fantasioso e sem praticidade.
A discussão sobre o clima no planeta não é nova. Iniciou-se nos fins da década de 60 do século passado, ocorrendo o primeiro grande encontro sobre o clima em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia. A partir desse ano, o mundo começava a direcionar seus olhares para as mudanças climáticas até então pouco conhecidas.

Sabia-se que o planeta passava por um processo de mudança, os cientistas descobriram que a Camada de Ozônio que reveste a Terra e evita que os raios solares incidam diretamente sobre o planeta, estava com um grande buraco causado pelos gases destrutivos do ozônio, entre eles o mais maléfico, o CFC (Cloro - Flúor - Carbono).
As metas estipuladas pela conferência (ainda muito restrita aos países do antigo G-7), de buscar alternativas para diminuir a agressão a Camada de Ozônio e os desastres ambientais tiveram quase nenhuma praticidade. Naquela época, o mundo vivia a Guerra Fria, por conta disso, o discurso contra a utilização de armas químicas e nucleares davam a tônica nas discussões.
Na década de 90, no ano de 1992, a ONU realizou em território brasileiro a ECO-92, na cidade do Rio de Janeiro. Na pauta do encontro, os temas de combate ao desmatamento e conservação do meio ambiente. Na ECO-92, o termo “desenvolvimento sustentável”, começava a se popularizar, e a toma forma conceitual e teórica. Reconheceu-se - na época - que os passivos ambientais eram de responsabilidade dos países desenvolvidos e que os mesmos deveriam financiar os subdesenvolvidos através de financiamentos.
Mais um punhado de documentos, cartas de intenções, recomendações, foram produzidas a fim de colocar em prática algumas ações em favor do meio ambiente, da sustentabilidade global. Criava-se então a Agenda 21, a carta de princípios sobre o encontro.
Os acordos não fechados na ECO-92, seriam colocados na mesa de negociação cinco anos mais tarde, em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão, dando inicio ao Protocolo de mesmo nome da cidade japonesa. A intenção era a produção de metas aos países mais poluidores que gradativamente reduzissem as emissões dos gases do efeito estufa no mundo. Há principio o Protocolo só valeria as nações industrializadas sendo futuramente revisto as nações em via desenvolvimento. Neste caso os principais países emergentes entre eles, o Brasil ficou de fora.
No Protocolo de Kyoto, os Estados Unidos, maior país poluidor do mundo, se recusou a assinar o documento se comprometendo em diminuir suas emissões de poluentes na atmosfera, tendo com justificativa que não poderia diminuir sua produção econômica. Ai está o X da questão.  
Os países que se reúnem para discutir temas relacionados ao aquecimento global, efeito estufa, sabem da necessidade da implementação de políticas que visem combater o modo predatório no qual o planeta está submetido. A questão é buscar alternativas para que o modo de produção seja adaptado, ou até, substituído por outro, ambientalmente sustentável, mas qual? De que forma? Quem vai arcar com esse preço?
Alguns desses questionamentos ficaram por serem respondidos na COP-15. Ficaram, porque não foram. Durante doze dias, os lideres mundiais se reuniram na capital da Dinamarca, Copenhague, para definir metas e ações em combate ao aquecimento global. Os cientistas de posse de diversos relatórios sombrios e temerosos forçavam os lideres mundiais a sentarem e negociarem metas e programas reais e efetivos.
As diversas discussões e encontros paralelos dentro da Convenção eram para preparar os trabalhos e temas para a chegada dos grandes lideres, chefes de Estados, de governo, para que esses pudessem produzir algo. Como ocorrido em diversos outros encontros, os grandes líderes não se entenderam, o que anulou as pretensões de acordo.
Os principais países não aceitam reduzir suas emissões de poluentes enquanto os emergentes não façam o mesmo. Outro ponto seria a criação de um fundo bilionário de captação de recursos para o financiamento de ações sustentáveis ao meio ambientes. Todos os países iriam contribuir ao fundo. Nessa questão nada avançou. As nações não se entenderam sobre as cotas de contribuição e muito menos do ingresso de todos.
A queda de braço entre Estados Unidos e China sobre as reduções de poluentes não avançam. O primeiro exige do segundo uma política clara, transparente de diminuição de poluentes na atmosfera. Já os chineses não aceitam qualquer ingerência americana em sua política de desenvolvimento.
No caso brasileiro, os quatro principais representantes, Lula, Dilma, Serra e Marina, não falavam a mesma língua. Os pontos de vista e pretensões diferenciavam entre as quatro cabeças. Ficou clara a disputa eleitoral de 2010 entre eles. Serra criticando Dilma, que criticava Marina e vice e versa. O tom mais sereno foi dado por Lula no encontro.
Em resumo, a COP-15, foi um fracasso, não passou de uma feira livre. Todos gritam e ninguém se entendia. Prevaleceu mais uma vez o interesse econômico frente ao ambiental e social. As nações desenvolvidas não aceitam redução de suas emissões sem contrapatida alheia. Diferentemente de outras conferências, agora, os países centrais transferiram a responsabilidade do aquecimento global também aos emergentes. O que cria mais instabilidade política ao encontro.
As ações sustentáveis ficaram mais uma vez no plano das pretensões. Um fracasso comungado por todos. Um vexame mundial. A questão é como evitar o crescimento em dois pontos a temperatura média do planeta? Só esse aumento de temperatura causaria uma catástrofe sem precedentes. Vamos esperar isso? Até quando o planeta agüenta?

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